Alvos da Operação Miragem da PF, Benoá e Meire retornam à gestão do prefeito Isaú Fonseca

Benoá continua no comando do transporte escolar e Meire cuidará do povo indígena

06/03/2024 - 17:04 hs

José Benoá de Melo retornou à Administração do prefeito Isau Fonseca em dezembro de 2023, por meio do decreto nº 3670/2023 para a função gratificada de Superintendente-Geral de Apoio Técnico e foi exonerado pelo decreto 938/2024 em 14.02.2024.

Foi nomeado novamente em 14.02.2024, por meio do decreto 939/2024, saindo da função gratificada para o cargo em comissão de Superintendente da SUGAT. Depois de muita peregrinação no gabinete do prefeito, Benoa consegue convencer Isau a nomear sua parceira de décadas, Meire Silva, para ocupar o cargo em comissão onde é responsável pelos povos indígenas da região. 

Meire ingressou na gestão do prefeito Isau Fonseca por meio do decreto 15183 de 20.04.2021, para o cargo em comissão de Coordenadora de Gabinete, da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Meses depois, Meire recebeu uma melhoria salarial, migrando para o cargo em comissão de Gerente de Serviços de Prédios Escolares através do decreto 16.653 de 30.11.2021.

Ná época, Meire tinha a mesma autonomia que Benoa, sendo considerada a “número 2 da SUGAT”. Ela chegou a substituir Benoá em janeiro de 2023, na ocasião em que houve denúncia na Promotoria de Justiça de Ji-Paraná (RO) relatando que o ocupante do cargo em comissão de Coordenador de Tráfego, William César da Silva Santana (filho de Meire), da SUGAT, não compareceu para trabalhar no mês de janeiro e parte de fevereiro de 2023 e teve sua frequência abonada em desobediência ao art. 62 da Lei Municipal n. 1405/2005.

Segundo o professor Luiz Albuquerque, naquele período, servidores do município disseram que o ex-secretário de Educação Marcos Pereira, falou para dois servidoros comissionados lotados na SUGAT que “não queria essa mulher (Meire) de volta, e se Benoá conseguisse por lá (gabinete do prefeito), não poderia fazer nada”.

Com a persistência de Benoá, Isau teve que ceder, e nomeou Meire para o cargo de Coordenadora de Apoio aos Povos Indígenas, por meio do Decreto 0962/2024, de 15 de fevereiro, atendendo pedido no memorando nº 053 de 09.02.2024 (ID 636539).

Em dezembro de 2023, Meire é vista na SUGAT semanalmente para se reunir com Benoá. Em uma das visitas, Meire foi fotografada saindo da SUGAT em 31.01.2024, acompanhada de Benoá e Juarez Martins da Silva, este último nomeado em 06.02.2024, para o cargo em comissão de Gerente de Transporte Escolar da SUGAT.


Um vídeo que circulou nos grupos de WhatsApp, o professor Albuquerque disse que Benoá lhe pediu um dinheiro emprestado, passando os dados bancários de Meire, sendo transferidos primeiro R$ 3 mil e depois R$ 1 mil diretamente para a conta de Meire. Com o dinheiro Meire comprou uma máquina de lavar, e a “bronca do professor Albuquerque é que não recebeu de volta o dinheiro que Benoá presenteou Meire”.

Operação Miragem

José Benoá de Melo, Meire Silva, o ex-secretário de Educação, Ivanilson Araújo e a proprietária da empresa Rondomaq, Clea Susane Motterle foram os alvos da Polícia Federal, em 27/09/2023, com a deflagração da Operação Miragem, a fim de combater o desvio de recursos públicos praticado por associação criminosa que fraudou licitação de prestação de serviços de transporte escolar na zona rural em Ji-Paraná/RO.

A PF cumpriu buscas na sala de Benoá na SUGAT da Secretaria Municipal de Educação da Prefeitura de Ji-Paraná, onde apreendeu documentos e planilhas. Também cumpriu diligencias na residência de Benoa, Meire, o ex-secretário Ivanilson Araújo e Clea Susane e escritórios da empresa de transporte escolar Rondomaq.

Os crimes investigados são associação criminosa, corrupção passiva, prevaricação, frustração do caráter competitivo do certame, superfaturamento de preços, direcionamento de licitação, reequilíbrio econômico fraudulento e falsificação de documento público.

O dano real aos cofres públicos ainda está em fase de apuração, mas o dano social aos estudantes é evidente tendo em vista as péssimas condições dos ônibus que oferecem riscos à população em idade escolar.

O nome da operação ‘Miragem’ é uma alusão à fraude perpetrada por agentes públicos, associados criminosamente a particulares, na qual mascararam inúmeros vícios do certame, resultando na contratação de empresa para prestação de serviços de transporte escolar em Ji-Paraná, desviando verbas do PNATE, destinadas ao transporte escolar rural de crianças e adolescentes. Miragem nada mais é do que um engano ou falsa percepção da realidade.

Operação Rapina

A Polícia Federal de Ji-Paraná deflagrou a Operação Rapina em 13.12.2019 na empresa onde Benoá e Meire trabalhavam juntos há mais de 10 anos. A empresa prestava serviços de transporte escolar para a Prefeitura de Ji-Paraná (RO). José Benoá, além de trabalhar para a empresa de transporte escolar, recebia ao mesmo tempo salário da Prefeitura de Ji-Paraná, no cargo de motorista de veículos pesados, com admissão em 01.10.1991.

A Controladoria-Geral da União (CGU) participou, em 13.12.2019, da Operação Rapina, realizada em conjunto com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal no município de Ji-Paraná, em Rondônia. A ação visava apurar a possível ocorrência de fraudes praticadas por agentes públicos da prefeitura municipal de Ji-Paraná.